quinta-feira, 30 de março de 2017

quente

pensando em tudo
fora daqui
sentei com a coluna torta
tranquei a porta
observei como ela se porta
- a fumaça
sempre paguei pau
pro jeito que ela
esvoaça
dança gostosa no ar
uma mulher maravilhosa
com todas suas curvas
sinuosas.
perigosas.
é que onde tem fumaça,
tem fogo.
fogo! pessoas fogosas
faz da nossa vida
dança gostosa no ar
lava fumegante
do dia a dia
de quem não quer
ser um frio habitante.
tudo que tem chama,
me chama!
vermelha é a lava
vermelho-coração
vermelho nas veias
vermelho que sai da boca rebelde
vermelho sangue que jorra
do meu ventre
todo mês.
mais uma vez
falando de mulher,
porque sou o próprio fogo
e digo de novo
fogo! pessoas fogosas

domingo, 19 de março de 2017

correndo

a cidade tá que tá
não se acha mais
um canto pra fumar
até cumbaiá
uzomi vão olhar
tem policial militar
em todo lugar.
eu não invadi teu espaço
por que me revistar?
quem tem poder
mesmo sem poder
é o mundo
nós somos o que sobra
comemos o que sobra
e mesmo sendo pau
pra toda obra
a vida não cobra
em dinheiro.
sinto que nunca vou
deixar de lutar
pra nos libertar
escravidão, servidão
acabarão!
eu podia jurar
mas todo dia
é uma nova promessa
pra quebrar.
nascer, crescer
talvez estudar
pouco provável se formar
foder, trabalhar
se foder
beber pra esquecer
pagar conta pra poder
se banhar.
cheguei cedo
e embora não goste
entrei na escola
o próximo poste
pode ser um p2 que me note
aspira THClibertação
inspira a luta que começou
no nylon pela criminalização.
qual a reação
do seu irmão reaça?
quanto tempo até que percebam
a caça a uma raça?
pra nós isso nunca teve graça
mas sempre aconteceu.
preto pobre faleceu
NÃO FUI EU!
não deixa o vento deles
fechar teus olhos
nós somos um temporal.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

2


E depois nos amamos muito à luz da lua, em alguma praia. Que tal?


Eu sei que a mente atrai e trai. Perdi as contas de quantas vezes arrastei minha cara no asfalto por um beijo teu. Aquele. Não importa que a vida continue igual, me permitindo aventuras que nunca espero encontrar e sem aquele rolê de filme comercial que todas as tuas relações passam a ter o mesmo rosto - dê adeus à comédia romântica! Desconsiderar a unicidade de cada ser é cruel e a vida já é intensa demais para ser (mais) cruel. Por enquanto ainda não há nada que me salve de sentir tanto tudo isso, mas posso ser positiva dizendo que já foi pior. Como quando contei da minha dificuldade em ser amada, me perguntei muito se já te foi amor... Ou só solidão. Depois pareceu fácil mergulhar de novo,  até deixou meus neurônios com inveja. Mergulho também, no marasmo do que foi. E às vezes no mar mesmo, se não afogo em mim. Ninguém vive de passado mas é preciso decretar esse fim.
Nessa época eu não queria sentir nada além de desejo, mas aí me apareceu teu beijo. Eram só relações líquidas, escorrendo pelas mãos do não-afeto. Ainda há muita liquidez, entretanto o coração já aprendeu a abraçar até quem não for ficar. E eu geralmente não fico e tudo bem também.
Não sei dizer o que é o amor como não sei dizer o que é a falta dele, mas pelo menos o amor é bom. E quando eu pensava em amor era sempre você. Queria descobrir que é normal o que ainda sinto sem que isso significasse que ainda te amo como desde a nossa primeira vez. As pessoas se esquecem das outras? Digo, depois de amar. Porque muita gente já me esqueceu e eu já esqueci muita gente.
Vivo uma bebedeira sóbria de sentir. Por vezes petisco teu sorriso, mas colho rancor como ressaca. Escrevo porque já não tenho mais o direito de dizer. O querer não pode ser. Ninguém entende. E eu já não quero mais contar, não sei se já quis, mas tô me sentindo esgotada. Queria eu não ter forças pra pensar; esquecer, deixar voar. Redijo, é meu alívio. Queria eu contestar minha loucura, mas releio: que loucura!
Plenitude e falhas corriqueiras, pedindo a morte mas amando viver, depois do arco-íris um temporal. Sabota nos disse "a vida é realidade não é filme", acreditei. Na minha TV só dá você e eu tento desligar, não encontro o controle. "Eu não perdi o controle!" volto. Se isso é mágoa, amor ou calor, num sei, já desabrochou a flor. Rego ou podo? Mais uma dose no balcão e eu já volto pro 'não sei', eu tentei. Tô me ouvindo. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

frô

queria te escrever
e poder
colocar nossos nomes no final
pra ti finalmente perceber
quantos dos meus versos 
foram pra você.
acontece aqui dentro
aqui e agora
chama turbulenta
que ainda se aguenta 
e não põe pra fora.

molho essa flor
com gasolina
queima (um) comigo?
quando eu beber coragem
te irrigo.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

alto-mar

aquele amor 
amor de verão 
que me deixou
a ver navios?
amor ao mar! 
socorro!

sou marinheira.

agora não mais
de primeira viagem
percorri mares
respirei ares
de quase tudo

navego...
pra quê sossego?
marulho é meu som, 

marujo!
tesão na maresia.


agora tem mar
onde quiser ancorar
o rio dos olhos
secou.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

um


Eu também quis te mandar músicas que me lembraram você, depois de tudo. Por vezes escrevi a mensagem toda e só não enviei. Pensei tanto em ti, até chorei. Senti saudades daquele sexo sim. Mas também quis te bloquear, excluir da vida, me teletransportar pra te dar um baita chacoalhão. Ainda não consigo dar certeza sobre o que acontece aqui, as borboletas me dão ânsia de vômito então - infelizmente - não posso afirmar que isso é apenas 'nada' e tampouco sei o que se passa aí. Também não sei se quero saber. E tu que reclamava tanto da minha indecisão, do meu looping infinito de "não sei" (como bem se vê nesse texto) agora não é só certezas e vive mais chapada que eu. O mundo gira mesmo, 'cê lembra como era no começo? 


Só acho que o que vai deixar de viver precisa parar de acontecer. Semear amor que não vai mais florir deve ser pecado, seja lá qual for o significado de pecado, ainda mais excluindo a questão moral. Ah, a gente sabe que é algo ruim, né?! Tá valendo. A vida é dessas: assuma ou suma, tu também já deve ter aprendido. Não sei. A gente precisa parar de se machucar. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

chá

observe bem
eu não posso lidar
com quem não se conhece
e quer arriscar
é meu pescoço nesse altar.
não leve a mal,
mas viver isso sozinha
não é meu ideal.
coração gigante
às vezes vira borboleta
dentro de um casulo.
saudade de ti
saiba de ti

e depois me chame
prum chá
verde